Sabeam quantos esta carta virem
que eu Aldonça Affonso çidadaan d’Ourense,
moradeyra enna rua da Fonteyna, por razon que o
deam e cabidoo da igleia de Ourense avyam daver cada
anno en salvo para senpre çinqo soldos
de leoneses pelo soar das casas que eu avya enna rua
dos Çapateyros que estam a par das outras miñas casas
que eu y teño e parte com outro soar do dito
cabidoo, o qual soar eu vendí a Gonçalvo Eanes
mercador e a Johan Esteveez alfayate e vendillo
livre e desenbargado dos ditos çinqo soldos.
Et por razon de eu non tomar pleito nen
contenda com os ditos Gonçalvo Yanes e Johan
Estevez a que eu vendí o dito soar nem con
o deam e cabidoo sobrelos ditos çinqo
soldos, et por me partir de custas e de dannos
que poderían recreçer entre min e estes
sobreditos Gonçalvo Yanes e Johan
Estevez e o dito deam e cabidoo, por ende eu a dita
Aldonça Affonso, non costrenguda nen
por enganno enduzuda, mays de meu praser e de
myna propia voontade poño os ditos çinqo
soldos ao dito deam e cabidoo que os aiam para
senpre livremente em cada huun anno
sem enbarguo nenhuun por dia de Santiago do mes
de jullio pelas outras ditas miñas casas que
estam enna dita rua dos Çapateiros, as quaes
parten da huna parte com o dito soar que
eu vendí a estes sobreditos Gonçalvo Eanes e
Johan Estevez e da outra parte com as
casas de Martin Perez de Geestosa çidadao d’Ourense
e saem as portas enna rua publica. As quaes casas eu
para esto obligo ao dito cabidoo. Et demays lle obligo
todolos outros meus beens para o dito
deam e cabidoo seerem senpre anparados com os ditos
çinqo soldos pelas ditas casas a dereito.
Et por esto nos dom Pero Suarez deam e ho cabidoo da dita
igleia d’Ourense, seendo juntados por canpaan
tanguda ena costra nova de Sam Martiño hu e costume de
se fazer cabidoo, por fazer graça aa dita Aldonça
Affonso assy reçebemos os ditos çinqo soldos
que nos avyamos daver pelo dito soar para os
aver daqui endeante senpre pelas ditas
casas cada anno enno dito dia de Santiago,
et relevamos o dito soar que os ditos Johan
Esteveez e Gonçalvo Yanes conprarom dos ditos
çinqo soldos daqui endeante. Et a
salvo fique a nos o dito cabidoo daver cada anno
pelo dito soar as candeas da festa de Santiago e os
tres soldos que os clerigos do coro am daver
cada anno que os aiam pelo dito soar. Et demays
quitamos aa dita Aldonça Afonso toda a
deveda que nos devya dos ditos çinqo soldos
delo tenpo que as ditas casas foron
deribadas a aco que os nos non ouvemos e renunçiamos
que llas non demandemos nen
possamos demandar por nos nen por outre
em juyzo nen fora del. Et demays he posto entre os
ditos deam e cabidoo da huna parte e os ditos
Gonçalvo Yanes e Johan Estevez conpradores
do dito soar que som presentes da outra,
que os ditos Johan Estevez et Gonçalvo
Yanes vaam ao fondamento da parede que é
comunal entre o soar do dito cabidoo et o dito
soar que elles conprarom e a façan e lavrem ben
regea e bem firme por aquel lugar por hu
ella agora está em maneira que o cano do dito
cabidoo fique livre para se poder cobrir sigundo
que soya estar se conprir, et façan a dita
parede de alteza ata a cruz que poserom a sobrelo
junteyro que está enna parede de Cataliña Anes et
veña a dita (parede) em olível ygoal aa rua e ata aly em
esta parede possa o dito cabidoo pousar cada que quiser
sem custa ninhuna. Et des aly aa çima o que
lavraren os (ditos Gon)çalvo Yanes e Johan
Estevez se o dito cabidoo em elo quiser
pousar quando quiserem lavrar enno seu
soar que paguen a meatade do custo da dita
parede que custar des aly açima aos ditos Gonçalvo
Yanes e a Johan Estevez a vista de dous
meesteyraes por que a dita parede de fondo açima he
comunal ao dito cabidoo e aos ditos Gonçalvo
Eanes e Johan Estevez e que os ditos
Gonçalvo Eanes e Johan Estevez non façan
feestra enna dita parede contra o soar do dito
cabidoo. Et outrossy o dito deam e cabidoo a rogo do
arçidiago Verald’Afonso e por fazer graça aa dita
Aldonça Affonso sua yrmaan quitaronsse
do reçebemento que fezeron do dito soar
por razon que o dito cabidoo non fora
frontado quando foy feita a venda del, et
renunçiaron a el. Et os ditos deam e cabidoo et
os ditos Gonçalvo Yanes e Johan Estevez
assy outorgaron todo esto que sobredito
he. Et poserom pena que a parte que
contra elo for e ho non conprir e agoardar que
peite aa outra parte que o conprir
e agoardar quiser por pena çem mor. da boa
moeda, et a pena pagada ou non pagada esta carta
fique firme e valla para senpre. Et para
conprir e agoardar todo esto que sobre dito
he e para pagar a dita pena aquel que
en ela caer os ditos deam e cabidoo obligaron todolos
beens da sua mesa do dito cabidoo. Et os ditos
Johan Estevez e Gonçalvo Yanes obligaron
todos seus beens gaañados e por gaañar. Et desto en commo
passou as ditas partes pediron a min
Affonso Lourenço coengo e chançeller
senllas cartas partidas por .a.b.c. Feyta a carta em
Ourense, quatro dias de juyo, era de mill e trezentos
e seteenta e seys annos. Testemuyas que a
esto presentes foron Gonçalvo Rella moordomo do
dito cabidoo, Johan Peres reitor da igleia
de Melees, Pero Moogo reitor da igleia de Mourisco,
Gonçalvo Peres notario d’Ourense.
Et eu Affonso Lourenço
coengo d’Ourense e chançeler dessa çidade a esto
presente foy e este estromento fiz escrivir, no qual
puge meu sinal en testemuyo de verdade.
(sinal)
[reverso] Carta daviinça por que o cabidoo e
Aldonça Affonso se aveeron sobre razom do soar
de que a dita Aldonça Affonso vendera a Joan
Estevez e a Gonçalvo Anes mercador.